Na minha cidade fantasma
Só a asma ataca
A poeira acumulada
Por anos de deixar pra trás
Esquecida, abandonada
Forjada em memória morta
Suas portas tortas não encaixam mais
As ruas frias seguem vazias e escuras
E, em vez da cura, o que se acha é dor
Do parapeito da janela,
dói no peito a lembrança dela
Encostada esperando
uma volta que não está nos planos
Pois no primeiro passo para fora,
No mero pensamento de ir embora,
A cidade já se esquecia do agora
E sumia junto com a aurora.
Na visita, invade a sala,
Uma poltrona acabada
Como um livro em uma estante
Que não estava ali antes.