quarta-feira, 24 de abril de 2019
Caminho.
terça-feira, 23 de abril de 2019
Vento.
Olhar pra frente e ver o oceano me cercando, sem indicação para onde ir mas também sem amarras. Treinado para estar preso, hesito em começar, como se minhas pernas ainda sentissem o peso das correntes. Uma leve brisa corre em meu rosto que me faz pensar por um segundo como deve ser voar. Ao mesmo tempo, sinto a água me levando levemente para outro lugar. Impossível ficar parado quando o mundo parece te querer longe. A pressão em meus ouvidos faz minha cabeça doer, como se eu não soubesse que pra ela diminuir é só dar alguns passos. Não estou preso mas ainda me sinto. Estou leve o suficiente para me deixar levar, não sofro com as dificuldades. O que me segura agora é invisível e imaterial. Como o vento, que me empurra. Só preciso aceitar e planar.
quarta-feira, 17 de abril de 2019
Gaiola.
O que é essa sensação de desprendimento que cresce? Depois de tanto tempo que eu me esforcei para fazer parte? Depois que eu voei por um tempinho e a situação me isolou do solo, parece que tudo continua pequeno mesmo depois que eu pousei. Os problemas não me atingiam lá de cima, as expectativas também não. Fui livre como me preparei para ser. E agora que voltei, estou quase sem lugar, como se aqui também fosse só passagem. O destino é para fora, o lugar que não me permitia conhecer. E me deixar vagar sem rumo, deixar o acaso tomar conta dentro do pequeno controle que tenho de escolher estar naquela situação. O poder que isso dá é imenso, pois toda dor é menor e passageira quando você olha o todo. Vai doer, com certeza, como uma tatuagem sofrida que pra sempre está marcada. Mas tudo me empurra pra fora, mesmo fora do meu controle. Apressam o processo, bloqueiam meus desvios. A ladeira me deu o embalo necessário para ganhar velocidade e voar novamente. Mas eu ainda vacilo, desacostumado a poder. Ansiando por uma direção que não depende de mais ninguém. Só me querem fora daqui, tudo conspira. Eu deixo a corrente me levar, menos preocupado em firmar os pés no chão. Outras quedas virão mas também novos vôos. Não adianta olhar da gaiola e imaginar o mundo lá fora, a porta está aberta.
segunda-feira, 15 de abril de 2019
Aquário.
Que não tinha notado até então
Talvez por nunca ter ido
Muito além do que me alcança a mão
O crescimento força as paredes
Rompendo aos poucos o que me prende
Sem indicação de caminho certo
Me deixando a deriva num mar aberto
Flutuo sem direção
A corrente indica um rumo
Mas no nado está a intenção
Na potência do querer que consumo